domingo, 5 de junho de 2011

Wake me up when september ends - Parte 40

Num pequeno gesto convidei-o a entrar e fechei a porta. As lágrimas já me escorriam pela cara, ainda antes de me virar para ele. Limpei a cara e pus-me de frente para ele. Levei as minhas mãos à cara e comecei a chorar outra vez. Preocupado, Jason preparou-se para me abraçar. Eu detive-o quando os seus braços já quase tocavam os meus. Ele afastou-se.
E: Há um mês atrás recebi uma proposta de trabalho. Ontem aceitei-a. É em Ohio.
Jason interviu logo:
O quê? Ohio? Não podes conduzir cerca de 4 horas para Ohio todos os dias.
E: Exactamente. É por isso que vou viver lá por um ano.
J: Isto não é por causa do que aconteceu, pois não? Não pode ser!
E: Lamento, Jason.
Apesar de tudo, naquele momento consegui chegar-me perto dele. Sentia-me mal por deixá-lo daquela maneira. Coloquei as minhas mãos em cada um dos lados da sua cara e juntei as nossas testas. Nem consegui olhá-lo nos olhos. Senti ambas as mãos dele segurarem-me os pulsos, afastando-me de si.
J: Adeus, Ellen.
E saiu porta fora. Depois daquilo nunca mais o vi. Não o vi na semana que se seguiu. Saía muito mais cedo de casa e só chegava depois da meia-noite. Eu costumava ficar atrás da porta para ter a certeza de que ele tinha chegado a casa a salvo. Houve até uma noite em que tinha trazido uma mulher com ele. Pareciam os dois bêbedos pela forma como riam sem dizerem nada. Nessa noite chorei muito antes de dormir. Não estava a chorar por achar que estava, de certa forma, a trair-me, mas sim por eu saber que ele não era o tipo de pessoa que fazia daquelas coisas e, por minha causa, estava a fazê-lo. Por minha causa ele andava a dormir com mulheres que mal conhecia para me esquecer. Numa noite ele nem sequer veio dormir a casa e eu acabei por adormecer encostada à porta. Acordei quando ele finalmente chegou às 6h30 da manhã e pouco depois saiu de casa. Apesar de o ter ouvido a sair e a chegar a casa todos os dias não o vi. Não fui capaz de abrir a porta em nenhuma dessas vezes e dizer-lhe que ia sentir a falta dele.
No fim dessa semana parti para Ohio. Pus as malas no meu carro e segui viagem. Estava a conduzir há 10 minutos quando o meu telemóvel tocou. Era Jason e não atendi. Deixei tocar enquanto as lágrimas me escorriam pela cara. Deixou-me uma mensagem no voice mail. Só quando me instalei em Ohio é que a ouvi.
Não acredito que partiste sem te despedires.

4 comentários: